Então a pergunta que Krishnamurti faz é: O que podemos fazer para promover em nossa própria essência uma revolução total, uma mutação psicológica radical, para não sermos mais brutais, violentos, competitivos, ansiosos, ávidos, invejosos, e para que brote definitivamente a fonte inesgotável do amor e da afeição em nós? Isto é, o que podemos fazer para voltarmos a ser livres como uma criança?
Sua resposta para esta pergunta é: Apenas Olhar, Observar. Prestar atenção verdadeiramente, realmente, em tudo o que está dentro e fora de nós. Ver as correntes que nos prendem, observar os grilhões a que estamos atados, as mentiras, os sonhos, as fantasias. Um encontro cara a cara com a verdade, cada dia mais profundo. E quando aprendermos a olhar de maneira tão sincera e real, disse Krishnamurti, tudo se esclarecerá. As correntes começarão a se desfazer, a visão estará mais límpida e desimpedida.
É claro que, isso pode ser doloroso.
O que Krishnamurti nos propões é sermos como uma criança, uma borboleta que se transformou radicalmente ao abandonar o estágio de larva e lagarta. Essa criança pode viver tranquilamente no mundo, mas não pertencer mais a ele.
É criativa, leve e solta. E feliz. Nada mais a sufoca.
Ela é a única realmente livre. (...)
Embora o pensador indiano não acreditasse no potencial transformador das religiões, pode-se dizer que alguém, ao viver o âmago de um ensinamento espiritual, como Buda ou Jesus, também conquista essa mesma liberdade e pureza. Mas será que nós, pobres mortais, também a atingimos? (...)
A primeira coisa que se torna evidente depois de olhar e observar é que sequer conseguimos seguir o sistema, religião ou ideologia que defendemos com tanto ardor. “Você tem suas inclinações, tendências e pressões peculiares, que colidem com o sistema que julga seguir, portanto, existe uma contradição básica. Você tem assim uma vida dupla, entre a ideologia do sistema e a realidade de sua vida diária”, diz Krishnamurti. No esforço para se ajustar à ideologia (ou religião, ou doutrina), você recalca a si mesmo, seu ser verdadeiro. Sua essência é massacrada por um milhão de vozes: de sua personalidade, da sociedade, de sua própria consciência fragmentada. “No entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, mas aquilo que você é.”
sexta-feira, 21 de maio de 2010
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