Arte, Cultura e Filosofia

“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o.” (Sidarta Gautama, o Buda)

A mensagem é sempre examinar e ver por si mesmo. Quando você vir por si mesmo o que é verdadeiro — e esse é realmente o único modo pelo qual você pode conhecer genuinamente qualquer coisa — quando isso acontecer, aceite—o. Até aí, apenas deixe de lado o julgamento e a crítica.


"Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco."

domingo, 2 de janeiro de 2011

O perfeccionismo castra a nossa liberdade?



Foto por Gisele M Borges, Ilha do Cardoso/SP

Acredito que um dos caminhos para atingir a liberdade plena é refletir sobre o PERFECCIONISMO.

Queremos ser perfeitos. Tentamos ser o que não somos, colocamos um padrão lá nas alturas e suamos para conseguir escalar uma montanha que não tem fim. Buda diz que seja o que for esperarmos, será diferente. A nossa lista de exigências é tão grande que gera uma imensa ansiedade. Diz Regina Favre: “Para nos aproximarmos do que é oferecido pela mídia, iremos comprar tudo ou fazer de tudo que nos dê a impressão de sermos tão perfeitos quanto o que vemos numa televisão ou numa revista. Sem parar para pensar no que estamos realmente fazendo conosco.”

Liane Alves, em seu artigo sobre o perfeccionismo fala que somos todos perfeccionistas, que tateamos por uma vida mais simples e natural mas que ainda vivemos sob a influência da publicidade, da mídia e de muitos dos padrões vigentes.

Não que o desejo de perfeição seja ruim, porém, quando alimentada por motivos superficiais, para atender nossas necessidades de consumo não agrega, não nos faz evoluir e muito menos sermos seres mais livres. Mas quando este desejo faz com que estejamos continuamente nos aperfeiçoando, tentando ser uma pessoa melhor, todos ganham com isto. Pense só nos grandes gênios, cientistas, artistas, músicos. Eles sim colocaram todo o seu desejo de perfeição a serviço da humanidade, da ciência, da arte.

Eugênio Mussak, em seu artigo "A busca da perfeição", diz: "Precisamos lembrar que uma coisa é buscar a perfeição, a outra é tornar-se escravo dos estereótipos da perfeição". Segundo ele, Aristóteles abordou, pela primeira vez, um tema correlato com a idéia da perfeição: a excelência. "A diferença entre perfeição e excelência é que a perfeição é uma impossibilidade, algo que jamais será atingido; já a excelência é factível, pois significa o melhor possível, algo possível ao ser humano", diz.

"Eu sei que não vou atingir a perfeição, mas posso ter compromisso com a excelência, e colocar o meu melhor em tudo o que eu faço. Esta é uma ótima idéia, que depende apenas de uma decisão pessoal." (Eugênio Mussak)

Teoricamente esta idéia parece perfeita, o problema é a expectativa que colocamos nas coisas, que quase sempre é motivo de frustação.

Porém, ele nos oferece a lição de que "quando fazemos algo com amor atingimos a perfeição, talvez porque o amor seja a única manifestação real da perfeição".

“Em vez de procurar o desejo de perfeição, seja simples em todas as circunstâncias.”(Walter Kleinert)

Acho que todos os grandes seres fizeram isto. Ser simples é difícil, porque custa tudo que temos. É preciso perder tudo para ser simples: nossas máscaras, nossos preconceitos, julgamentos, ilusões; e ouvir o nosso coração e agir de acordo com ele, qualquer que seja o risco. Por isto é que geralmente optamos por sermos complicados... Pelo medo. De não saber mais quem somos, pois estamos tão identificados com a imagem que fazemos de nós mesmos, ou quem gostaríamos que fôssemos, que ficamos com medo de perder a nossa identidade. Ser simples custa nada menos do que tudo.

E esta simplicidade não tem nada a ver com dinheiro ou bens materiais. A perfeição está justamente na verdadeira simplicidade, e a verdadeira simplicidade está na mente. A mente elevada que segue os impulsos do coração; e apenas um coração simples pode ser livre.

Leia: “Perfeccionismo” e "A busca da perfeição", Revista Vida Simples, Edições 95 e 101.

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