Arte, Cultura e Filosofia

“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o.” (Sidarta Gautama, o Buda)

A mensagem é sempre examinar e ver por si mesmo. Quando você vir por si mesmo o que é verdadeiro — e esse é realmente o único modo pelo qual você pode conhecer genuinamente qualquer coisa — quando isso acontecer, aceite—o. Até aí, apenas deixe de lado o julgamento e a crítica.


"Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco."

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

FIB X PIB

FIQUE FELIZ! O GOVERNO DO REINO UNIDO QUER MEDIR BEM-ESTAR

LONDRES – Sentindo-se bem? Frustrado? Fantástico? O governo britânico realmente quer saber. Autoridades britânicas disseram na 2a feira que começarão a medir a felicidade nacional além de avaliar mais informações tradicionais como níveis de renda e o medo de crime violento.
O novo plano está alinhado com a proposta de campanha do Primeiro Ministro David Cameron, que prometeu, durante a eleição geral no início deste ano, medir os níveis subjetivos de bem-estar enquanto o governo estiver colhendo dados sobre os seus cidadãos.
Planos detalhados ainda não foram divulgados, mas se espera que novas perguntas sejam formuladas pela responsável pela estatística nacional Jil Matheson no final deste mês, para que sejam incluídas num levantamento a ser feito durante a próxima primavera. Ela disse na 2a feira que essa mudança de política é bem-vinda.
“Existe um crescente reconhecimento internacional de que para se medir o bem-estar e o progresso há a necessidade de se desenvolver uma visão mais compreensiva, em vez de ficar se concentrando somente no Produto Interno Bruto” disse ela.
A decisão de se olhar para além de simples medidas monetárias é parte de um movimento da “ciência da felicidade”, que se enraizou em diversos outros países, incluindo França e Canadá, na medida em que autoridades e acadêmicos estudam o fracasso da elevação dos padrões de vida nas recentes décadas quanto a gerar uma elevação similar no contentamento pessoal.
O presidente da França Nicolas Sarkozy chegou a uma conclusão semelhante, há dois anos atrás, quando pediu que dois economistas ganhadores de prêmios Nobel elaborassem meios para medir fatores de qualidade de vida, além dos meros fatores econômicos, quando a França estivesse estudando suas opções de políticas públicas.
O Canadá também desenvolveu um índice nacional de bem-estar, um conceito que teve como pioneiro um reinado no Himalaia, o Butão.
O levantamento faz aos cidadãos canadenses perguntas subjetivas tais como “O quanto você desfruta da sua vida”? e “Você se sente confortável com o seu nível atual de dívidas”?
Mas além disso o levantamento também pergunta sobre os valores mais fundamentais, padrões de vida e identificação com minorias ou outros grupos étnicos. Provavelmente o levantamento britânico deverá utilizar uma abordagem similar.
Richard Layard, um professor emérito da Escola de Economia de Londres, que tem contribuído para os estudos governamentais britânicos no tocante a qual seria a melhor maneira e se medir a felicidade, elogia essa tendência.

“Eu acho que é maravilhoso”, disse ele. “É algo que eu e outros temos advogado por algum tempo. Baseia-se na idéia de que a menos que você meça as coisas certas, você não fará as coisas certas”. Ele também disse que o foco dos atuais levantamentos governamentais apenas noavanço econômico levaram as pessoas a ficarem obcecadas com as suas rendas em detrimento de outros fatores que podem levar a vidas felizes e produtivas.

Os dados no Reino Unido, EUA e outros países mostram que os níveis de felicidade têm permanecido mais ou menos estáticos mesmo quando a renda disponível e a
segurança econômica aumentaram substancialmente em termos reais durante a grande expansão do pós guerra nas economias ocidentais.

Esse fenômeno, freqüentemente chamado de “Paradoxo de Easterlin”, em homenagem ao economista americano Richard Easterlin, é citado no relatório para o mês de setembro do Escritório Britânico para Estatística Nacional, declarando que “os níveis de satisfação com a vida e felicidade na Inglaterra não têm subido desde os anos 1950, a despeito do crescimento econômico sem precedentes”.
Isso sugere que mais do que uma expansão econômica, tradicionalmente medida por
níveis de renda e produções internas brutas, seja necessária para que as pessoas sintam contentamento em suas vidas.

O professor da Universidade de Londres Richard Schoch, autor do livro The Secrets of
Happiness(“Os Segredos da Felicidade” numa tradução livre) disse que o governo britânico se entrosa bem com o slogan “Grande Sociedade” utilizado pelo Primeiro Ministro Cameron.

“Isso se encaixa perfeitamente com a agenda da Grande Sociedade porque a maioria das organizações cívicas foca em temas ligados à qualidade de vida” disse ele. “Esse levantamento então se torna a ferramenta para coletar dados relevantes para as iniciativas da Grande Sociedade”, disse ele.



(Por GREGORY KATZ, da Associated Press/ Instituto Visão Futuro)

Um comentário:

  1. Acho a ideia fantástica! A preocupação do governo com a felicidade dos indivíduos representa, em minha opinião, a evolução natural do Estado, que passou do absolutismo ("L'État c'est moi") para o Estado liberal e mínimo, para o Estado de bem-estar social, com um breve refluxo para o Estado neoliberal, para o Estado social-desenvolvimentista (na América Latina, depois das décadas perdida e perversa)... e agora, quem sabe, estamos caminhando em direção a esse novo modelo de Estado, cujo objetivo fundamental é utópico, como deve ser. Há pouco tempo, o Sen. Cristovam Buarque propôs uma Emenda à Constituição para incluir a busca da felicidade como direito fundamental e inalienável no Brasil (fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,buarque-quer-pec-que-da-direito-a-busca-da-felicidade,557159,0.htm)

    É interessante como esse tipo de evolução, por mais simples que seja, leva tempo... Basta lembrar da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em plena Revolução Francesa, que expressou ideais utópicos que ainda estamos tentando assimilar. Da mesma forma, a Declaração de Independência dos EUA já havia proclamado como direito inalienável de todo ser humano a vida, a liberdade e a busca da felicidade, para os quais o governo é mero instrumento, e não um fim em si mesmo.

    Apesar de todos os percalços e da lentidão desse processo, acredito que um dia chegaremos lá.

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