Artigo escrito por Gabriela M Borges para o Jornal do Yoga da Casa de Yoga Shanti Om, Outubro de 2006.
A razão pela qual o som é tão fundamental na história da criação em tantas culturas pode ser mais bem entendida na tradição védica, no qual o fenômeno do som está no centro da prática espiritual diária. De acordo com os Vedas, o som é a origem de toda a vida, ele está no centro de todos os atos da criação.
Os rishis (antigos sábios), que se dedicaram à meditação e à contemplação do Eterno, discerniram que o Universo é um oceano de vibrações. Todo Universo está fundamentado na vibração, que, segundo a sua ordem de freqüência – quantidade de vibrações por segundo – se apresenta como escuridão, luz, cor, som e forma. Mesmo as freqüências que são inaudíveis para nossos ouvidos, nos afetam de alguma forma. E é por esta razão possível produzir todo tipo de mudanças na materia e na consciência por intermédio do som. Todo esforço do yogi emprega-se para ‘despertar’ essa consciência primordial e redescobrir a plenitude que precedeu à linguagem e a consciência de tempo.
Os cientistas descobriram que aquilo que parecia aos sentidos um Universo tangível era, em sua maior parte, espaço vazio. Os antigos sábios foram ainda mais longe e descobriram que os elementos intangíveis do Universo, como pensamentos e emoções, também têm sua base material. Mas a matéria mais sutil, através do qual operam estes elementos, também é, no fundo, apenas um conjunto de vibrações e um arranjo de diferentes tipos de energia. Isto inclui nossos pensamentos. O que temos que compreender e manter em mente é que vibração, forma e consciência estão intimamente relacionadas umas com as outras de todos os modos.
A isto há de se somar que existe uma vibração que está na base da forma, e é necessária para a manifestação da consciência. Essa vibração é o próprio Om. Os sábios dizem que este som é a fonte de todas as manifestações. E quem conhecer o segredo deste som conhecerá os mistérios de todo o Universo.
A visão védica do Universo como um enorme campo vibratório chamou a atenção dos cientistas. Uma das descobertas mais importantes relacionadas a esta concepção dos rishis surgiu da observação de um fenômeno natural chamado entrainment, ou ressonância. Este fenômeno faz com que as vibrações rítmicas de um objeto afetem um segundo objeto com uma freqüência vibratória semelhante, de forma que o segundo objeto começa a vibrar com o primeiro. Isto só vem a confirmar a verdade védica de que podemos sintonizar os nossos ritmos com os da natureza, do Universo, com o som primordial, ou com a Consciência Única. O som e suas diversas manifestações pode nos ajudar a ir além de nossa percepção errônea de que a realidade é fragmentada e restaurar nosso sentido de unidade com o Universo.
Acessando o poder do som, a pessoa evoca o enorme poder que reside dentro dela, fortalecendo a respiração, energizando a mente e imunizando o corpo, equilibrando e estimulando o prana. É dito que, quando estamos doentes, caímos em um estado de desarmonia com o cosmos. Ao praticarmos a sadhana do som, da música e da voz obtemos acesso às vibrações do Universo – vibrações que podem curar nossos espíritos, mentes e corposMas é só observando o silêncio que compreenderemos a essência do som. Entrar em contato com o espaço vibratório dos sons é por em evidência os silêncios que os criam, que nos cercam. Portanto, quem quiser vivenciar o som, antes disso terá de passar pela experiência do silêncio.
A nossa cultura dá ênfase demasiada à visão. A profunda modificação da nossa consciência será alcançada quando aprendermos a usar inteiramente o nosso sentido de audição, assim como temos usado nossos olhos e nosso sentido de visão há séculos.
Nossos “ouvidos” precisam ultrapassar suas fronteiras, pois, também a “música” de que estamos tratando é transcendental.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
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Tudo de Ommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm esse artigo, Gabinha. O som é antes de tudo o som. E o som não é o som. Você sabe né? Ele nada mais é do que o construído, que não é o real. Mas ele existe enquanto construído. Ommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
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