Arte, Cultura e Filosofia

“Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o.” (Sidarta Gautama, o Buda)

A mensagem é sempre examinar e ver por si mesmo. Quando você vir por si mesmo o que é verdadeiro — e esse é realmente o único modo pelo qual você pode conhecer genuinamente qualquer coisa — quando isso acontecer, aceite—o. Até aí, apenas deixe de lado o julgamento e a crítica.


"Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco."

domingo, 26 de setembro de 2010

Kierkegaard X Krishnamurti

"Somente conheço a Verdade quando ela se torna viva em mim."

- Soren Kierkegaard

"A Verdade não tem caminho, e essa é a beleza; ela é viva."

- Jiddhu Krisnamurti

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A LIBERDADE POSSÍVEL


"É sempre bom refletirmos profundamente sobre nossos pontos de vista para sabermos se são nossos de fato ou se foram 'inoculados' pelos instrumentos de pressão de que o meio social dispõe."

(Flávio Gikovate em seu livro A Liberdade Possível)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

AS FLORES ANUNCIAM A CHEGADA DA PRIMAVERA



RESGATANDO AS ESTAÇÕES DO ANO

Na quinta-feira, dia 23/09/2010, exatamente às 00:09h, começa a primavera. Quando a estação muda, experimentamos uma mudança interna correspondente. Todas as formas de vida se abrem para receber instruções da natureza. É na primavera que a energia da semente se move em direção ao céu, gerando matéria e fazendo aparecer uma nova forma na superfície da terra. Por isso se diz que a primavera é o começo, a criação.

DESPERTE SUA ENERGIA

Nossos ritmos estão diretamente relacionados às estações. A energia vital sobe, cresce, ocupa espaço, procura abrir caminho para obter um lugar ao sol – exatamente como uma árvore que brota na primavera. Quando ingerimos frutos da terra nas estações devidas, fortalecemos nosso ritmo interno. Nesse sentido, nosso bem-estar depende do equilíbrio intuitivo entre nosso ser e a natureza. As transições cíclicas dos dias, estações, vidas e eras estão todas replicadas em nossos ritmos pessoais.

É hora de levar a vida com vigor, alegria e criatividade.


Mantra da primavera: Regenerar e Transformar
Planeta:Júpiter
Nota musical:Lá
Número:8

"Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim"


Que a primavera se instale também em nosso interior e nos faça ter mais fé na vida.É nela que geralmente temos vontade de ver flores, rever amigos e lembrar poemas,como a “Canção do amor que chegou” de Vinícius de Moraes.


Que a primavera e a poesia inspirem a todos!

(Texto inspirado nos livros: "Manual do Herói" e "O Caminho da Prática"
Fotos: Gabriela M Borges)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando:
“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

(Gibran Khalil Gibran - O Louco)

domingo, 12 de setembro de 2010

Quer ser livre? Então arrisque-se!


"Viver é um risco.
Estender a mão aos outros é arriscar-se a se envolver.
Mostrar seus sentimentos é expor sua humanidade.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Tentar é arriscar-se ao fracasso.
Mas os riscos têm que ser corridos, pois o maior perigo na vida é não arriscar-se a nada. A pessoa que não arrisca nada não faz nada, não tem nada e não é nada. Pode evitar o sofrimento e o pesar, mas não pode aprender, sentir, mudar, crescer, viver ou amar. Acorrentado por suas certezas e vícios, é um escravo. Sacrificou seu maior predicado, que é a liberdade individual. Só a pessoa que se arrisca é livre."
(Leo Buscaglia)

VOCÊ NÃO SABE DA MAIOR!

Resolução de Ano Novo é um compromisso que uma pessoa faz para um projeto ou a reforma de um hábito. O nome vem do fato de que esses compromissos normalmente entram em vigor no Dia de Ano Novo. A minha deste ano foi: não falar de ninguém. Eu sabia que não seria tarefa fácil, afinal, temos a necessidade de comentar com senso crítico a vida dos outros; ou em outras palavras, fazer fofoca.

De certa forma, ao fazer um comentário de alguém, estamos tentando entender a essência do ser humano, e, portanto fazendo um exercício de autoconhecimento. Porém, comentar sobre a vida de alguém é uma coisa, e emitir juízo de valor sobre a mesma é outra. E a fofoca pode sim ser destrutiva. O psiquiatra Ângelo Gaiarsa diz que apenas 20% das informações trocadas entre as pessoas em qualquer ambiente, têm alguma utilidade. O resto é futilidade, é falar por falar.E Gaiarsa continua: “sempre estaremos ligados a fofocas, ou como vítimas ou como agentes.” E uma coisa é certa, quem não quiser ser vítima de fofoca, o melhor é não fofocar. Ou nas palavras de Sêneca: "Se queres que outrem guarde segredo, guarda-o tu primeiro."

Há os muito fofoqueiros e os fofoqueiros circunstanciais. Há os que usam a fofoca como maledicência, prejudicando e atingindo as pessoas; e há os que se divertem com fofocas inocentes. Mas uma coisa é real: todos fazem fofoca, é da natureza humana.

Presente ao longo de toda a História, tal ato é freqüentemente ligado à imagem das mulheres. Porém, engana-se quem pensa que fofoca é coisa de mulher: ambos fofocam. Pode até variar de foco ou de intenção, mas ninguém se escapa. O Centro de pesquisas de Londres, a Social Issues Research Centre, publicou que estatisticamente os homens são mais fofoqueiros. O que muda, entre a fofoca masculina e femina, é o teor da conversa: geralmente os homens fofocam sobre o ambiente de trabalho, gafes de colegas e principalmente sobre mulheres. Também vale ressaltar as razões que levam a fofoca: as mulheres, em geral, é uma maneira de passar o tempo enquanto para os homens pode servir, além de pura informação, como meio de auto-afirmação perante o resto dos amigos e colegas (quando este, por exemplo, gaba-se de ter saido com uma bela mulher).

Você consegue guardar segredo?

O educador e escritor Eugênio Mussak diz: “Uma fofoca é como o vento. Passa, mas vai deixar alguma conseqüência. Se for apenas um ventinho, a conseqüência nem será sentida, mas se for um vendaval, pode deixar um rastro de destruição.”

Segundo a professora de meditação Sally Kempton, uma maneira de saber se está no reino da fofoca ruim ou é compulsivo é pelo sabor que deixa para trás. E ela complementa: o bom fofoqueiro deixa um sabor amigável, não ficará com sentimentos de inadequação, raiva ou inveja. Além disso, é preciso prestar atenção o quão profundamente as palavras de outras pessoas podem distorcer nossas opiniões e até nossos sentimentos em relação ao outro. E quando falamos dos outros, fica até difícil para os outros confiarem em nós. Como diz um provérbio espanhol: “Aquele que fofoca com você irá fofocar sobre você também”.

Porém a fofoca nem sempre tem uma conotação ruim ou destrutiva. E em algumas situações temos a responsabilidade de dizer o que sabemos sobre a outra pessoa. Conversar com um amigo sobre o que sentimos por outra pessoa pode ser catártico, uma das razões pela qual precisamos de amigos é ter alguém para nos ouvir...
Por outro lado, falar dos outros também pode ser uma forma de evitar olhar para algo difícil em si mesmo. Tem um ditado que diz: “Quando Pedro fala de João, sabe-se muito mais sobre Pedro do que sobre João”.

O primeiro passo para evitar falar sobre as outras pessoas é observar a própria tendência à fofoca, para depois controlá-la. Quando falamos de alguém, e principalmente quando falamos mal de alguém, criamos uma aura de negatividade e geramos uma energia que pode contaminar todo o ambiente. É só observar como você se sente quando está falando de alguém. É como se tivesse perdendo tempo e energia. Isto sem contar que quando se fala mal de uma pessoa é possível que se sinta culpado ao encontrá-la.

Krishnamurti em seu livro Aos pés do Mestre nos instrui: “Deves resguardar-te, também, de alguns pequenos desejos que são comuns na vida diária. Nunca deixes brilhar ou parecer inteligente; não tenhas desejo de falar. É bom falar pouco; melhor ainda é nada dizer, a menos que tenha plena certeza de que o que desejas dizer é verdadeiro, amável e útil. Antes de falar, pensa cuidadosamente se o que vais dizer tem essas três qualidades; se assim não for, não o digas. Muitas das conversações ordinárias são desnecessárias e insensatas; quando descem à maledicência tornam-se perversas. Assim, acostuma-te antes a ouvir do que a falar; não dês opiniões a menos que te sejam diretamente solicitadas. Um enunciado das qualificações é assim dado: saber, ousar, querer e calar, e a última das quatro é a mais difícil de todas.”

Um dos fenômenos sociais mais populares há séculos, a fofoca já interferiu nos rumos da história.


Escultura retratando duas senhoras fofocando na parte velha da cidade de Sindelfingen, na Alemanha. Historicamente, a fofoca está ligada à imagem das mulheres e das pequenas cidades, como é o caso de Sindelfingen.






O controle das palavras

Segundo Sally, devemos considerar que um dos maiores frutos da nossa prática é permanecer em silêncio. Mira Alfassa, A Mãe (1878 – 1973) nos ensina: “A menos que você seja responsável por certas pessoas, seja como guardião, instrutor ou chefe de serviço, você não tem nada a ver com o que elas fazem ou não fazem, e é preciso abster-se de falar deles, de dar sua opinião sobre eles e sobre o que fazem, ou mesmo de repetir o que os outros podem pensar e dizer deles.”
E ela vai ainda mais longe quando diz: “em todos os casos, e de uma maneira geral, quanto menos se fala dos outros, mesmo se for para elogiá-los, melhor. Se já é tão difícil saber exatamente o que acontece em si mesmo, como saber, então, com certeza, o que acontece nos outros? Abstenha-se, portanto, totalmente de pronunciar sobre uma pessoa um desses julgamentos definitivos que só podem ser uma tolice, se não uma maldade. Por isso, aconselho todos a ficarem em paz e a absterem-se de todo julgamento. Isso é o mais seguro.”

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Nota Chave – O Som e o Universo da Consciência-Energia

Artigo escrito por Gabriela M Borges para o Jornal do Yoga da Casa de Yoga Shanti Om, Outubro de 2006.

A razão pela qual o som é tão fundamental na história da criação em tantas culturas pode ser mais bem entendida na tradição védica, no qual o fenômeno do som está no centro da prática espiritual diária. De acordo com os Vedas, o som é a origem de toda a vida, ele está no centro de todos os atos da criação.

Os rishis (antigos sábios), que se dedicaram à meditação e à contemplação do Eterno, discerniram que o Universo é um oceano de vibrações. Todo Universo está fundamentado na vibração, que, segundo a sua ordem de freqüência – quantidade de vibrações por segundo – se apresenta como escuridão, luz, cor, som e forma. Mesmo as freqüências que são inaudíveis para nossos ouvidos, nos afetam de alguma forma. E é por esta razão possível produzir todo tipo de mudanças na materia e na consciência por intermédio do som. Todo esforço do yogi emprega-se para ‘despertar’ essa consciência primordial e redescobrir a plenitude que precedeu à linguagem e a consciência de tempo.
Os cientistas descobriram que aquilo que parecia aos sentidos um Universo tangível era, em sua maior parte, espaço vazio. Os antigos sábios foram ainda mais longe e descobriram que os elementos intangíveis do Universo, como pensamentos e emoções, também têm sua base material. Mas a matéria mais sutil, através do qual operam estes elementos, também é, no fundo, apenas um conjunto de vibrações e um arranjo de diferentes tipos de energia. Isto inclui nossos pensamentos. O que temos que compreender e manter em mente é que vibração, forma e consciência estão intimamente relacionadas umas com as outras de todos os modos.

A isto há de se somar que existe uma vibração que está na base da forma, e é necessária para a manifestação da consciência. Essa vibração é o próprio Om. Os sábios dizem que este som é a fonte de todas as manifestações. E quem conhecer o segredo deste som conhecerá os mistérios de todo o Universo.

A visão védica do Universo como um enorme campo vibratório chamou a atenção dos cientistas. Uma das descobertas mais importantes relacionadas a esta concepção dos rishis surgiu da observação de um fenômeno natural chamado entrainment, ou ressonância. Este fenômeno faz com que as vibrações rítmicas de um objeto afetem um segundo objeto com uma freqüência vibratória semelhante, de forma que o segundo objeto começa a vibrar com o primeiro. Isto só vem a confirmar a verdade védica de que podemos sintonizar os nossos ritmos com os da natureza, do Universo, com o som primordial, ou com a Consciência Única. O som e suas diversas manifestações pode nos ajudar a ir além de nossa percepção errônea de que a realidade é fragmentada e restaurar nosso sentido de unidade com o Universo.

Acessando o poder do som, a pessoa evoca o enorme poder que reside dentro dela, fortalecendo a respiração, energizando a mente e imunizando o corpo, equilibrando e estimulando o prana. É dito que, quando estamos doentes, caímos em um estado de desarmonia com o cosmos. Ao praticarmos a sadhana do som, da música e da voz obtemos acesso às vibrações do Universo – vibrações que podem curar nossos espíritos, mentes e corposMas é só observando o silêncio que compreenderemos a essência do som. Entrar em contato com o espaço vibratório dos sons é por em evidência os silêncios que os criam, que nos cercam. Portanto, quem quiser vivenciar o som, antes disso terá de passar pela experiência do silêncio.

A nossa cultura dá ênfase demasiada à visão. A profunda modificação da nossa consciência será alcançada quando aprendermos a usar inteiramente o nosso sentido de audição, assim como temos usado nossos olhos e nosso sentido de visão há séculos.

Nossos “ouvidos” precisam ultrapassar suas fronteiras, pois, também a “música” de que estamos tratando é transcendental.