"O PROPÓSITO DA VIDA", segundo a Tradição-Sabedoria. Palestra com Ricardo Lindemann, ex-presidente da Sociedade Teosófica do Brasil. 2007. Reprodução por Gabriela Borges.
Qual é o propósito da vida?
Nós procuramos o propósito da vida quando nossas vidas estão vazias. Se pressupõe que já não estejamos mais vendo o propósito dela. O propósito da vida talvez seja algo que nós possamos compreender somente quando nossas mentes estão descondicionadas. Enquanto nossa mente estiver com algum desejo frustrado, com alguma insatisfação, me parece um pouco improvável no clima de uma mente nuventa, com uma chuva particular, com esses olhos nós dificilmente vamos encontrar alguma beleza, alguma alegria, ou algum sentido à própria vida.
Então a primeira coisa que a pessoa deve fazer é descondicionar a mente. Em princípio, o que se deve fazer não é descobrir o propósito da vida, mas libertar a mente dos condicionamentos e do sofrimento. Porque enquanto a mente não estiver livre, ela não poderá encontrar o significado ou o propósito da vida.
Por outro lado, quando uma pessoa conseguir descondicionar a mente e libertá-la de todos esses sofrimentos TALVEZ ela descubra que o propósito da vida é a própria LIBERTAÇÃO DA MENTE. Porque então, a vida estará cheia de propósitos e significados.
Quando uma pessoa está apaixonada, ela não fica se perguntando qual o propósito da vida. O próprio estado em que ela se encontra, (...)
Então a pergunta sobre o propósito da vida está mais relacionado ao fato de que nós perdemos aquele estado de liberdade interior que nos permite ver o propósito e o sentido nas coisas.
A pergunta é: Porque que o amor escorregou das nossas vidas? Ou talvez se ele não tenha escorregado, a pergunta sobre o propósito da vida nem apareça.
Segundo Clara Scott, o propósito da vida está em aprender a amar, então a dificuldade, pois confundimos o amor com muitas coisas que traz toda a confusão que dá frustração. Se nós colocarmos toda a expectativa e desejos em alguma coisa que não é real ou verdadeira, quando nós chegamos lá ela desmorona. Ou como um castelo de areia, nós nos sentimos como uma criança frustrada.
Talvez o nosso problema é que nós não compreendemos verdadeiramente o que o amor seja. Depois de algum desencanto, nós começamos a nos questionar se a vida tem algum propósito ou algum significado.
A Regeneração ou Significado da vida
Raciocínio da natureza poética.
Análise mais filosófica.
Poesia supera a própria lógica.
Pensamento inspirador.
Pergunta ou questão última - As perguntas ou questões últimas na filosofia oriental só podem ser obtidas como resposta na própria iluminação.
Porque Deus, que já é perfeito, criou seres imperfeitos num processo evolutivo para atingir a perfeição? Tem várias formas de perguntar isto: Porque a dor é necessária? Porque a evolução é necessária? Porque nós já não somos seres perfeitos?
Outros dizem que já somos perfeitos e não sabemos da nossa própria perfeição, que estamos iludidos por maya. Intelectualmente muitas filosofias foram criadas. Segundo Dr.Taimni, é natural que nos perguntemos o porquê do Universo. Porém, o conhecimento acerca das questões últimas estão além do alcance do intelecto humano, é inútil procurar uma solução intelectual do porquê da manifestação do Universo. Claro que isto seria questionar os motivos de Deus ou da inteligência que regula o Universo. E este grande mistério do Universo está oculto nas profundezas da própria consciência e, somente aqueles que podem mergulhar profundamente naquele incomensurável oceano do conhecimento é que podem conhecer algo deste Supremo Segredo.
Portanto, para penetrar diretamente na consciência divina é preciso que a mente tenha se descondicionado, que ela seja capaz de entrar em Samadhi ou Êxtase. A resposta não está em desacordo mas enfocado por pontos de ênfase. Há um aspecto deste propósito divino na manifestação, o que nós vamos ver e compreender é que ele provê um campo de evolução em todos os seus diferentes estágios.
Sob o ponto de vista da filosofia oriental, no processo do carma e da reencarnação nós cumprimos o nosso dharma evolutivo e vamos evoluindo a cada vida e no tornando cada vez mais sensíveis até que um dia, com a mente totalmente descondicionada e iluminada, nós compreenderemos o significado da vida. E ao compreendermos, nós vamos descobrir que o próprio significado da vida está na vida em si mesma, na beleza da vida, na beleza do amor, e em todas as harmonias maravilhosas que o Universo se manifesta. Mas enquanto nos sentimos vazios e frustrados, nós não vemos ou esquecemos que exista algum. Também neste sentido, como nós todos estamos vivos, obviamente a vida já está em nós. Portanto se temos qualquer dificuldade para saber o significado da vida, isso significa que nós não conhecemos realmente a nós mesmos.
Então dizer que nós não sabemos qual é o propósito da vida e o sentido da vida é dizer que nós não sabemos qual é o nosso propósito. Ou até mesmo que há uma distorção da nossa percepção e que, portanto, nós não estamos vendo as coisas como elas são. Por isso, talvez, que o Buda tenha dito que o primeiro passo na senda do Nirvana é a reta visão ou a reta percepção. Então, se não vejo a vida como ela é, talvez eu não possa descobrir, ver o seu significado. E nós voltamos ao problema de descondicionar a mente do que ela projeta nas coisas, que às vezes aparece cinza, às vezes, cor de rosa. E nós alteramos de um estado ao outro.
As Cartas dos Mahatmas dizem que a iluminação deve vir de dentro. O problema objetivamente está muito mais dentro de nós do que no Universo.
Por causa dos bons pensamentos, os anjos ficam mais perto dos homens, o que ilumina então são os bons pensamentos.
Os hinduistas falam que o objetivo da vida é Lila, ou Jogo Divino que sugere que o significado da vida é Ananda, ou Bem-Aventurança. Assim, a beleza do jogo está em participar dele. Mas se cria uma espécie de objetivo no jogo e as pessoas ficam frustradas quando perdem. Eu diria que elas só ficariam satisfeitas se elas ganhassem o jogo. Conclusão: um jogo sofredor, um jogo de azar. As crianças não têm objetivo de ganhar, a beleza está em jogar. O sofrimento vem quando nós quebramos algumas regras do jogo. E sofrimento é apenas um indicativo da regra quebrada. Mas como nem sempre nós lembramos quando esta regra foi quebrada...
É possível nós sentirmos dor e não sabermos a causa da dor, sua origem. Para entender a dor é preciso compreender a raiz desta dor. Umas das coisas que a filosofia oriental insiste é que a lei do carma nos traz apenas o mérito que nós mesmos fizemos. Tanto que a lembrança das encarnações anteriores, onde esses atos foram feitos, não é acessível a todos. À menos que a mente tenha atingido um grau de pureza e descondicionamento que possa entrar num êxtase mais profundo.
Vamos perdendo a graça e a alegria de jogar o jogo por jogar e depois só queremos jogar quando vamos ganhar. Aí ficamos adultos e ficamos nos perguntando sobre o propósito da vida. A mente vai perdendo a sua pureza original.
Todos nós somos frutos da compaixão. Nossos pais nos deram amor na nossa origem. Faz parte do jogo da vida jogar sem saber para quem eu estou devendo e de onde virá a cobrança. Isso pode causar certa ansiedade, mas isto não significa que as regras do jogo não sejam justas.
Clara Scott insiste que a própria mente existe para que aprendamos a nos desapegar. Uma das coisas que estraga o amor é o ciúme. E que se eu amar uma pessoa sem prendê-la a mim, aí de fato eu aprendi a amar.
Francis Bacon fala que quando temos amigos fica mais fácil, porque dividimos o sofrimento e multiplicamos as alegrias. Falar de amor é difícil porque se o mais puro e descomprometido dos tipos de relacionamento que é a amizade já pode adquirir coloridos diferentes, imaginem o amor sexuado de um homem e uma mulher.
Amor puro, incondicional
O difícil é viver o amor. Confundimos ele com identificação. Saber tratar cada pessoa de maneira que ela deve ser tratada é uma arte. Então Cristo aceitou a traição porque percebeu que tinha um carma a resgatar.
Amor = Jogo de Tênis X Jogo de Frescobol
O propósito da vida é aprender a amar, existe um aspecto da aprendizagem de autoconhecimento, mas existe também do amor em si mesmo, que é a alegria do jogo, de conhecer o Ser, que na verdade no seu interior talvez tenha a mesma essência divina que eu. E talvez eu ainda não tenha descoberto isso ainda, nem no outro e nem mesmo em mim. Tanto que é um dos ensinamentos mais misteriosos da natureza: saber se eu vou primeiro encontrar Deus no coração dos outros ou se eu vou primeiro encontrar Deus no meu próprio coração. Quem sabe seja como for, ao descobri-Lo num lugar, eu O descubra em todos os outros. Assim também é com o amor. Quando estamos apaixonados tudo fica cor de rosa, não é só uma pessoa que nós amamos. Uma pessoa que está bem consigo mesma, ela consegue amar todas as outras, fica tolerante com os erros dos outros.
Leadbeater diz que Deus é amor, e todo o seu poderoso Universo está se movimentando firmemente na direção de um determinado objetivo final de Unidade consciente com ele. Que é o Pai amantíssimo de todos os seus filhos e está fazendo por eles muito mais do que eles podem pedir e muito mais do que eles podem conceber. E tudo o que podemos oferecer em retribuição é o nosso amor e o nosso serviço. E o nosso amor é a própria manifestação de Deus dentro de nós. É a única ação que pode ser concebida como prazerosa para Ele. É aquela que permite cada vez mais ao Deus interno manifestar a si mesmo, através de nós.
Segundo o Sr. Krishna, habilidade na ação e nunca nos resultados, não é uma busca para si mesmo. Habilidade é uma coisa que não pode ser ensinada, podemos dar aulas de filosofia, mas não podemos ensinar a amar. Mas vamos aprendendo... Às vezes isto é cativante. Às vezes isso tem uma capacidade de catalisar o amor no outro, mas se ele não responder quem sabe não foi dessa vez, quem sabe vai ser na próxima. E às vezes ele responde, mas responde de uma forma misturada com seus egoísmos, suas projeções, seus mecanismos de defesa, seus medos, seus traumas. Então a resposta nele é limitada. Por exemplo, Jorge Luis Borges diz que apaixonar-se é inventar uma religião com um deus falível. Com certeza é um ato de devoção e amor à outra pessoa, estar apaixonado. Mas como estou apaixonado por um ser humano que tem limitações, tem traumas, tem medos, tem defesas, às vezes é o próprio "porco-espinho". Nós nem sempre vamos receber o amor como retorno. Então é uma religião muito esquisita que nós estamos fundando, que nós estamos querendo que o outro seja perfeito quando ele não é. Na verdade, no ocidente de um modo geral, principalmente a partir da Idade Média, do amor cortês criou-se o romantismo, perdendo o que chamamos de amor à Deus. Eu vou esperando que o outro seja esse deus. Eu vou demandando cada vez mais do outro e oferecendo cada vez menos. A minha capacidade de doação vai diminuindo e eu fico cada vez mais exigente. Aí, qualquer relação fracassa.
O oriente procura buscar a perfeição em Deus e complementa as relações humanas com família. Raramente os casamentos indianos são por paixão, o outro é um Ser que merece respeito, no sentido de compartilhar uma vida sem expectativas ilusórias, devoção à Deus à qualquer forma.
O propósito da vida então é amar, libertar a mente de seus condicionamentos. Ou talvez vamos descobrir que uma mente condicionada não consegue amar plenamente portanto as duas teorias não estão separadas. Apreciar a alegria e a bem-aventurança do jogo da vida. Para acessar esta alegria eu tenho que voltar a ser uma criancinha e ter a pureza original. Uma força movida pelo sacrifício divino de fragmentar-se a si mesmo para que as suas partes possam se redescobrir unas com o Todo. A criança não tem motivo para amar, apenas amam...
"Trabalho pela Fraternidade Universal. E que esse espírito de Liberdade de pensamento, esteja no espírito dos meus objetivos...."
(A ST não tem voz oficial, é uma sociedade de livres pensadores)
Para ler mais sobre o tema acesse:
http://www.teosofia-liberdade.org.br/index.php/arquivos/44-artigos/150-a-regeneracao-e-o-significado-da-vida.html
domingo, 24 de julho de 2011
O Amor é a essência de todas as coisas...
"Todo pássaro que canta
está cantando por amor
Cada flor que se abre,
está se abrindo por amor,
e os olhos de cada um
estão em busca do amor
Cada coração
bate por amor
O amor é o próprio significado da vida.
Se não há amor,
a vida torna-se sem significado."
(Bagwan Rajneesh)
(Nas fotos: Duska e Raque, apareceram um dia perdidos no nosso caminho, e hoje fazem parte da família)
está cantando por amor
Cada flor que se abre,
está se abrindo por amor,
e os olhos de cada um
estão em busca do amor
Cada coração
bate por amor
O amor é o próprio significado da vida.
Se não há amor,
a vida torna-se sem significado."
(Bagwan Rajneesh)
(Nas fotos: Duska e Raque, apareceram um dia perdidos no nosso caminho, e hoje fazem parte da família)
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